Aos Proprietários , Profissionais e Parceiros do setor,

Envio abaixo esclarecimentos sobre a polêmica criada com o Governo do Estado, ante nossas objeções ao aumento abusivo do ICMS sobre cerveja. Felizmente, sensibilizamos os deputados. Julgue Vossa Senhoria mesmo quem tem razão.

Julgamos fundamental que todos participem da audiência pública que obtivemos, nesta terça feira, dia 10∕11, às 16 horas, na Assembleia Legislativa do Estado.

Nosso setor não suporta mais custos, nossos clientes não suportam mais aumento de preços.

 

Grato,

Percival Maricato

ABRASEL SP


A ABRASEL, O GOVERNO DO ESTADO E O AUMENTO DA CERVEJA

Com esta nota a ABRASEL procura esclarecer todos os pontos controvertidos que estão ocorrendo com o Governo do Estado

 

O Governo de São Paulo enviou projeto de lei (PL), a assembleia, aumentando em 39% o  ICMS incidente sobre cerveja. Para tornar menos desastrosa a repercussão, colocou no mesmo pacote a redução do imposto sobre remédios genéricos. A ABRASEL reagiu, energicamente. Que outra conduta se poderia esperar de uma entidade que é representante do setor?

Em uma nota a imprensa, diz a assessoria do governador que o aumento é necessário, que a ABRASEL está sendo desonesta e deveria voltar à conduta responsável que levou o governo a chamá-la para parceira no combate a venda de bebida para menor e outras ações positivas.

Em entrevista a imprensa o secretário da fazenda disse o alerta de nossa entidade é conversa fiada, que o aumento não afetará as vendas e que se for afetar, que os estabelecimentos que reduzam seus lucros e ainda que bebida alcoólica seja negativa no orçamento, pois causa doenças e acidentes (Estadão, 6-10-2015).

O Governo está sendo injusto e não é a ABRASEL que age desonestamente.

  1. 1.       Um dos erros do governo é a tentativa de disfarçar um brutal aumento de impostos, eis que arrecadará mais R$ 3,2 bilhões, como divulgado pelo mesmo na Globo e perderá com os genéricos apenas R$ 216,3 milhões.
  2. 2.       Está em contradição com seu passado, de contenção de impostos, e com o discurso de seu partido no Congresso, que repetidamente diz que não votará aumento de impostos, pois o povo não tem que pagar pela crise.
  3. 3.       A ABRASEL ajudou sim o Governo na campanha contra a venda de bebida alcoólica a menores, por julgá-la necessária e com a mesma responsabilidade, se posiciona contra o aumento de impostos sobre um produto cuja venda é essencial para que os estabelecimentos do setor sobrevivam; muitos deles fazem com cerveja de 40% a 60% do total de faturamento. O aumento de imposto levará a redução do consumo, que será dramática para a sobrevivência de milhares de empreendimentos e tornará inviável a manutenção do nível de emprego; portanto, nada a ver com conversa fiada. O aumento de imposto sabidamente afeta o consumo, principalmente quanto é perverso, brutal, 39%.
  4. 4.       Se convidados pelo governador ou qualquer autoridade, para campanhas em benefício da sociedade, voltaremos a colaborar. No momento estávamos tentando montar uma campanha para mudar o clima de pessimismo para as festas de fim de ano, quando a proposta de aumento caiu como uma bomba e desanimou até os otimistas, que achavam possível obter um pouco de otimismo dos cidadãos.
  5. 5.       Não é verdade que o aumento é para a indústria. O imposto é pago por substituição tributária, outra imposição absurda inventada pelo Fisco: o comerciante paga o governo, antes mesmo de vender o produto, ou mais, antes de recebê-lo. É o pequeno empresário financiando o governo. E a indústria, concentrada em poucos fabricantes, repassa aos comerciantes, que por sua vez só sobreviverão se o repassarem ao consumidor, já que não podem aumentar a receita por PL ou decreto.
  6. 6.       O consumidor, por sua vez, tem renda limitada e no momento muitos estão desempregados, não tem renda alguma. A cerveja é fonte de lazer para mais de cem milhões de brasileiros. Não são eles doentes, como poderia se deduzir dos que vivem a dizer que cerveja causa doenças. Muito menos é justo dizer que todos saem por aí causando acidentes. Há transgressores da lei em todas as áreas e o papel do governo é puni-los.
  7. 7.       É meia verdade, como diz a nota, que outros governos pagam até mais de 25% de ICMS sobre a cerveja. O governo sabe que em todos esses estados, há fortes redutores fiscais, com o que não nos acenou até agora o de São Paulo.
  8. 8.       É de notar que a mesma reação que estamos tendo com o Governo de São Paulo, tivemos com o Governo Federal em 2014, quando este tentou aumentar o imposto sobre cerveja, revelando inclusive o desemprego que causaria e sensibilizando o Governo Federal, que recuou. É o que esperamos também com relação ao governador.
  9. 9.       Leve-se em conta que a sociedade já paga os entes públicos, União, Estados e Municípios, 35% do PIB, segundo dados da Receita Federal recentemente divulgado. Outras fontes dizem que esse número supera 37% ou o equivalente a mais de quatro meses do total trabalhado anualmente. Lembremos que boa parte da economia está na informalidade, não recolhe imposto, faz concorrência desleal; só na área do cigarro, mais de 30% da venda é de produto contrabandeado, número que crescerá a cada aumento de imposto. É muito provável que o aumento da cerveja e do cigarro apenas aumente a informalidade e o contrabando e reduzam a arrecadação.
  10. 10.   Equivocada e insensível à afirmação do Secretário da Fazenda, que como todas as autoridades fiscais, pensa que para arrecadar mais basta apenas aumentar impostos, em vez pensar com a mesma preocupação em mais atividade econômica; ante a reação do mercado mandam as empresas reduzirem lucros. Há décadas aumentam impostos e mandam reduzir lucros, como se ele fosse infindável, como se o setor fosse homogêneo, quando nossas pesquisas indicam que 25% já trabalham no vermelho e sofremos a maior mortalidade empresarial em toda a economia. São milhares os pequenos empresários que investem suas economias no setor e um número pelo menos três vezes maior perde todo o investimento e às vezes todo o patrimônio acumulado em décadas.
  11. 11.   Ao dizer que a bebida é negativa para o orçamento por causar doenças e acidentes, está chamando de irresponsáveis dois em cada três cidadãos adultos. Está negando as astronômicas somas de impostos que a população paga, embutidas no preço desses produtos.
  12. 12.   Bares e restaurantes são os mais numerosos estabelecimentos criados por pequenos empresários (700 mil no Estado, responsáveis por 350 mil estabelecimentos), as mais acessíveis opções de lazer da população e sim, muito saudável, o maior empregador (1.8 milhões, cerca de seis por estabelecimento), a mais procurada e mais bem avaliada atração turística nas grandes cidades (vide pesquisas SEBRAE, EMBRATUR, etc.), tudo sem que os governos os financiem, como faz com grandes empresas.
  13. 13.   Convém lembrar que o governador Geraldo Alckmin, já teve um episódio com a ABRASEL, exemplar: anos atrás reduziu o ICMS incidente sobre o faturamento total dos bares e restaurantes, de 12% para 4,5%, a receita do Estado aumentou, e como prometido antes, houve nova redução da alíquota, para 3,2%; essa noticia auspiciosa, o governador nos comunicou em primeira mão ao comparecer pessoalmente a um evento de nossa entidade. Desde então sempre elogiamos a conduta do governo com impostos, o que para nós é questão de Justiça, como é nossa obrigação criticá-lo, quando faz o contrário.
  14. 14.   Somos visceralmente contra aumento de impostos sem melhoras nos serviços públicos, venha de onde vier. É hora de mudar esse rumo; estamos disponíveis para ajudar.

 

Percival Maricato

PRESIDENTE ABRASEL SP